Por Lívia Dutra **
A epilepsia é uma manifestação das encefalites auto-imunes e das encefalopatias paraneoplásicas. Quando presente, é habitualmente refratária, e há evidência de que os pacientes se beneficiam de terapia imunomoduladora.
Um estudo publicado na revista Neurology pelo grupo da Mayo Clinic é interessante ao definir critérios para diagnóstico da epilepsia auto-imune.
De acordo com o artigo, são considerados achados sugestivos de epilepsia auto-imune:
1) Epilepsia de inicio agudo ou subagudo sem etiologia definida, refratária, com presença de múltiplas semiologias de crises epilépticas e frequência elevada;
2) LCR ou RNM com evidencia de inflamação e/ou evidência de auto-imunidade sistêmica;
3) Presença de anticorpos anti-neuronais. A presença de um destes critérios já sugere a etiologia auto-imune.
O grupo propõe ainda um esquema para uso de corticóides ou Imuneglobulina EV hiperimune (IVIG) como teste terapêutico, por 6-12 semanas. Nos pacientes analisados pelos pesquisadores da Mayo Clinic, aproximadamente 62% dos pacientes foram considerados como respondedores, apresentando redução de pelo menos 50% do número de crises. O trabalho é interessante, pois fornece uma evidência classe IV para uso de imunoterapia em pacientes com provável epilepsia auto-imune, além de propor um protocolo de imunoterapia como teste terapêutico.
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** Dra. Lívia Dutra é Professora Afiliada-Doutora do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da UNIFESP, e Chefe do ambulatório de Neuro-Reumatologia.